Artigo publicado originalmente em Aratu On
Com muita objetividade é fácil afirmar que o envelhecimento das empresas não ocorre pelo passar dos anos, e sim pela negligência dos investimentos em pesquisa, desenvolvimento tecnológico, na zeladoria estrutural, cuidados com o branding da marca, e na renovação cultural dos seus profissionais. Sabemos o quanto é difícil vencer no ambiente empresarial, mas ao se acomodar com a idade cronológica, e passar apenas a usufruir das conquistas financeiras do passado, fará com que a longevidade da empresa tão sonhada no início, se perca por falta de exemplos e atitudes das lideranças, e ainda, por não preparar sucessores diretos ou estruturar um comitê gestor profissional. Estes são crimes imperdoáveis, seja qual for a área de atuação da empresa.
Marcas como Leite Ninho, 1944, Omo, 1957 e Coca Cola, 1892, apenas para citar algumas tão populares, e líderes no volume de consumo mundial, atravessam gerações, e se mantém jovens por adotarem normas de gestão rígidas, que incansavelmente cuidam do seu maior patrimônio que é a marca. Não é o design, que na verdade é uma obrigação das empresas adotar sempre uma linguagem contemporânea, mas sim, na cultura empresarial, que é assimilada organicamente por cada profissional dos grandes grupos empresariais desde o processo seletivo no RH.
O pensamento óbvio e crítico, que vem à mente do leitor agora, é que foram citadas marcas valiosas e mundiais. Porém, vale lembrar que uma empresa pode ser pequena, mas nem por isso não pode deixar de se espelhar em ótimas referências e adotar grandes atitudes na sua gestão. Pois, as boas ações, são hábitos de processos, procedimentos e disciplina profissional, e custam apenas o bom senso. O que adianta ter em mãos o celular mais caro, usar o melhor carro, fazer viagens internacionais, frequentar os melhores restaurantes, ter amigos importantes e depender de um assistente da TI para baixar um aplicativo de reuniões online, e ainda comentar sorrindo: “Este mundo digital não é para minha geração”.
Qual mensagem este tipo de postura de liderança passará aos seus profissionais que trabalham todos os dias para gerar crescimento da empresa, e que vivem num ambiente adverso, suportando a pressão da competitividade do mercado. Obviamente não será o referencial de um líder ativo e moderno, e provavelmente não irá motivá-los a permanecerem na empresa e manter clientes e negócios. Vai sim, incentivá-los a se transformarem em empreendedores e levar seus clientes juntos.
Podemos adjetivar este tipo de postura como “profissional Grabriela”, do romance de Jorge Amado, pois vive dizendo a todos: “Eu nasci assim, eu cresci assim e vou ser sempre assim …” passando claramente uma imagem de estagnação. Só que nesta obra literária fantástica, o comportamento da personagem, que inspirou a frase da letra, na música tema da novela, foram direcionadas para uma visão de pureza, e que tem como pretensão apenas passar uma reflexão de valores culturais da época. No mundo corporativo isso é inadmissível, porque o maior patrimônio de uma empresa é a sua marca, e vale muita mais que qualquer ativo imobilizado ou tecnológico, e cada profissional deve transparecer o mesmo valor. Portanto, se a condição atual da sua empresa não acompanhar esta regra do mercado, saiba que ainda não construiu branding, e nem defensores, só está sobrevivendo da demanda natural dos negócios, e certamente deve estar sofrendo muita pressão dos concorrentes líderes do seu segmento todos os dias.
Atualmente as 10 marcas mais valiosas do mundo, segundo o Instituto Kantar-2021, são: Amazon, Apple, Google, Microsoft, Tencent, Facebook, Alibaba, Visa, Mc Donald’s e a Mastercard, na figura demonstramos os valores em bilhões de dólares, e ainda segundo o Kantar, as 100 maiores marcas juntas valem 7,1 trilhões de dólares. Quanto a excelência da gestão, rigidez com fornecedores, capacitação profissional, compliance, estratégia de marketing e a linha da comunicação destas empresas com seus consumidores, dispensa comentários, elas renovam o branding diariamente em todo mundo. Agir assim é respeitar clientes, para mantê-los e serem eternos defensores da marca.
Os empresários e profissionais que atuam no marketing e na publicidade, têm o privilégio ímpar de estudar o futuro dos mercados e o comportamento social diariamente, em prol das empresas e dos seus clientes. Eles são requisitados para entregar o melhor e o novo sempre, isso os deixam jovens, apesar da cronologia ser impiedosa com todos. Quanto mais trabalham, elaboram estudos, projetos e conquistam clientes, mais exigências e desafios aparecem, fazendo a cada hora, no mínimo, uma análise e reanálise praticamente orgânica, das matrizes de marketing, impostas naturalmente pela atividade profissional.
Os estudos diários funcionam como um elixir da juventude profissional, e o melhor de tudo isso, é que são remunerados para ampliar conhecimentos, um privilégio para poucos. O resultado destes estudos e ações, são responsáveis pelos lançamentos e transformação de marcas, produtos e serviços, e por outro lado, as empresas contratam a inovação porque precisam fazer um lifting eterno, para conquistar e manter clientes confiantes no consumo recorrente. Investir na qualidade do marketing e da comunicação também são segredos das marcas que lideram seus segmentos.
Mas, é bom destacar, que os profissionais mais estudiosos, estão nas áreas meio das empresas da indústria da comunicação, são os thinkers, (pesquisadores, planejadores, criativos, estrategistas), já os followupers (operacionais) e os sellers (comerciais) são mais negligentes com seus estudos. Numa breve observação prática destas atividades, é possível afirmar que os profissionais followupers ficam saciados pela ocupação das tarefas, já os sellers ficam envaidecidos pelo sucesso das vendas. Mas vivem reclamando das metas, uma característica natural dos sellers que atuam nos veículos de comunicação. E eles diariamente, recebem de bandeja a intelectualidade das agências ou do marketing, porque estão na ponta do planejamento, que é a exposição das campanhas. Algumas exceções, se dedicam nos estudos técnicos para melhorar a linguagem da função, e por consequência, tem o melhor desempenho nas suas relações comerciais.
Importante lembrar, que os produtos dos veículos de comunicação são espaços virtuais perecíveis que não geram estoque. Para manter o preço de tabela, com margem e maior valor agregado, é essencial entregar dados e métricas dos seus produtos, como a audiência, e as equipes precisam dominar argumentações técnicas que fundamentem as vendas. E com isso, terá longevidade nas suas relações comerciais, para que as metas, fiquem mais suaves e factíveis. Os empresários, diretores de marketing e os mídias, que negociam espaços publicitários, percebem estas fraquezas comerciais sem fundamentos técnicos, e pedir um bom desconto será inevitável. Caso atualmente o desconto seja o único argumento da sua equipe, comece já uma reciclagem cultural na empresa.
Um ótimo exemplo de como a boa formação profissional faz muita diferença, vem dos engenheiros, que já a algum tempo, ocupam posições estratégicas na liderança dos grandes grupos nacionais e internacionais. Eles são marcados pela habilidade técnica, pragmatismo nas decisões, pelo raciocínio lógico do custo-benefício e pela objetividade na linguagem numa mesa de negociação. Isso facilita na produtividade e na entrega de resultados. Afinal foram treinados a estudar cada projeto, viver sob pressão dos desafios, são muito exigentes na qualidade e possuem conexões neurais superdesenvolvidas.
E agora, dentro do seu segmento de mercado, se considera um empresário ou profissional pleno de conhecimentos técnicos, acredita que não precisa estudar mais nada e sente-se preparado para ser um exemplo ou referência? Cuidado, ninguém é insubstituível, nem a empresa, nem seus produtos, e muito menos as funções profissionais determinadas no atual organograma. Para a juventude mercadológica eterna a fórmula secreta é: J = (E+P)*(AD) – Estudos (específicos e genéricos) + (postura e atitudes diárias), sempre embasadas na boa formação científica e exemplos de sucesso. Mas se estudar para você está fora de cogitação, prepare o bolso para pagar quem resolverá esta lacuna na sua vida, ou sente e espere sua hora chegar.
Laércio Ferreira da Silva
CEO – Instituto INFOOH
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